Reza a tal história oficial do SLB que numa reunião realizada na Farmácia Franco em 1904, Cosme Damião reuniu um conjunto de benfiquistas e deu o pontapé de saída para a criação do Sport Lisboa, que mais tarde daria origem ao atual Sport Lisboa e Benfica. Por suposta modéstia Cosme Damião não ter assinado a tal reunião. É o que a “história” nos conta..
No entanto, é uma história que tropeça desde logo em alguns factos difíceis de explicar.
Em primeiro lugar o porquê desse documento surgir apenas na década 50, em segundo lugar o porquê de nessa ata da suposta reunião, a palavra “Farmácia” é escrita com a letra “F”.. Não é preciso muita pesquisa para se constatar que em 1904 a palavra “Farmácia” se escrevia com “Ph” e que tal mudou alguns anos depois com a Reforma Ortográfica. No entanto, existe um documento que surge 4 décadas depois onde Farmácia é escrita com “F”..
Ou os fundadores do Benfica eram uns visionários e esconderam muito bem o documento durante décadas ou então há que reconhecer uma evidência: esse documento foi falsificado e nada indica que Cosme Damião tenha sido um dos fundadores do Sport Lisboa.
Tal tese é facilmente constatável pela análise dos documentos, sendo esta confirmada pelo historiador Ricardo Serrado que estudou a história das fundações dos 3 grandes. Segundo ele nos diz, não há qualquer indício que Cosme Damião tenha estado ligado ao Sport Lisboa e muito menos sido um dos fundadores. Não há qualquer menção a Cosme Damião nos documentos do Sport Lisboa, não há qualquer assinatura sua. O que se consegue confirmar é que ele foi um dos impulsionadores do Sport Lisboa e Benfica a partir de 1908.
As palavras do historiador Ricardo Serrado são esclarecedoras:
“Nunca encontrei qualquer indício de Cosme Damião ter sido fundador do Sport Lisboa. O que ele foi sim foi o grande impulsionador do Sport Lisboa e Benfica e talvez por isso tenha nascido o mito de que ele foi fundador do Sport Lisboa.”
Podemos chegar facilmente a uma conclusão:
De referir que este historiador colaborou com o SL Benfica na criação do museu, tendo realmente encontrado informações que chocaram com a história oficial do clube. A solução para tais incompatibilidades resultaram na sua saída do projeto, sendo Ricardo Serrado peremptório a referir-se à sua exclusão do projeto do Museu Cosme Damião:
Uma história de fraude, falsificação de documentos e adulteração da história pouco difundida, mas que no entanto, é facilmente comprovável.
Fonte: Público